Abril de 2003

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Autores : M. Isabelle Cremers, A. Paula Oliveira

Instituição : H. S. Bernardo - Setúbal Serviço de Gastrenterologia

Caso Clínico

Doente do sexo masculino, de 69 anos, com cirrose hepática alcoólica, que foi internado por hemorragia digestiva alta grave em Dezembro de 2000. A endoscopia alta realizada de urgência revelou varizes esofágicas de grau III, com "red spots", tendo sido submetido a esclerose com etanolamina. Teve alta ao 13º dia, após um internamento complicado de EPS, icterícia e ascite.

Foi referenciado à consulta externa de gastrenterologia, à qual não compareceu, tendo faltado também à sessão programada para erradicação das varizes.

Cerca de 3 meses após o 1º internamento, recorreu ao S. Urgência por disfagia de início súbito, sobretudo para alimentos sólidos, negando anorexia e emagrecimento.

Foi realizada endoscopia alta que revelou, aos 27 cm da arcada dentária, uma úlcera em cicatrização, de bordos elevados, condicionando estenose cerrada, que impedia a passagem do aparelho, permitindo a passagem de pinça de biopsia, como se pode observar nas imagens. Fizeram-se biopsias e citologia.

Diagnóstico mais provável:
estenose pós-esclerose de varizes esofágicas
neoplasia esofágica em doente com cirrose hepática alcoólica
compressão extrínseca do esófago por tumor do mediastino
invasão do esófago por neoplasia do pulmão

Resposta Correcta:
Diagnóstico: neoplasia esofágica em doente com cirrose hepática alcoólica

Recebemos as seguintes respostas certas por ordem cronológica:
Margarida Brito e Melo - Caldas da Rainha
Augusto Mansoa - Caldas da Rainha
Ricardo Freire - Setúbal
Américo Silva - Viseu
Lurdes Gonçalves - Évora
Vitor Fernandes - Almada

Vencedor por sorteio:
Lurdes Gonçalves - Évora

Comentário Final:
A grande maioria das respostas recebidas referiam como certa a hipótese 1. (estenose pós-esclerose de varizes esofágicas). Foi portanto de certa forma surpreendente a resposta correcta a este caso clinico. Pedimos um comentário à autora (Dra. Isabelle Cremers) que nos disse o seguinte: "Quando o doente regressou com disfagia três meses após uma esclerose de varizes muito complicada devido à gravidade da hemorragia, que era verdadeiramente cataclísmica, pensámos logo numa estenose pós-esclerose. Ao fazer a endoscopia e ao identificar a zona da estenose, achei que era muito alta para corresponder a estenose pós-esclerose - 27 cm da arcada dentária - tanto mais que fui eu a fazer os dois exames e tinha a noção de ter feito a esclerose na junção esofagogástrica; no entanto, numa hemorragia cataclísmica tudo pode acontecer... A favor de neoplasia podemos também incluir o formato assimétrico da estenose, que se apresentava ulcerada e muito rígida. De qualquer maneira, foi com muita apreensão que fiz uma biópsia naquele contexto, biópsia essa que foi decisiva para o diagnóstico."


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